
Mais um espetáculo do esporte. Dessa vez é a copa mundial, sediada no continente africano. A primeira vez que o evento ocorre lá!
A África, que teve suas riquezas naturais saqueadas, seus homens e mulheres raptados e transformados em escravos-mercadorias, andava esquecido, submersa nas epidemias de AIDS. Agora através da África do Sul, se tornou palco do maior espetáculo da Terra.
Muitos, inclusive o ¨Rei Pelé¨, duvidaram que a copa pudesse ser realizada na África do Sul. Em janeiro desse ano, o ônibus da delegação do Togo, que participava da Copa Africana, sofreu um atentado terrorista realizado por uma organização angolana, o que levou muita desconfiança sobre as reais possibilidades da África do Sul sediar um evento desse porte.
A impressão que se tem através da mídia, é que a África acaba de ser descoberta. A imprensa a romantiza, destaca a alegria daquele povo, suas danças típicas, sua fauna exuberante, seus rituais religiosos e suas vuvuzelas barulhentas.
Interessante que, os mesmos que exaltam e enaltecem a riqueza cultural daquele povo, são responsáveis também pela condição de pobreza do continente africano, onde as populações esperam cair dos céus os mantimentos para sobreviverem mais um dia. No entanto a mídia mostra (quando mostra) a miséria como algo abstrato, vindo quase do além, e é na prática varrida para debaixo do tapete. Para quem não sabe, milhares de famílias foram removidas de suas residências e submetidas a condições ainda piores, em casas de lata de 18m², para não estragar a paisagem no percurso entre os aeroportos e os grandes centros.
Muito se falou das greves da construção civil que ameaçaram o levantamento dos novos estádios na África do Sul, mas não foi divulgado em nenhum meio de comunicação, as condições em que trabalhavam aqueles operários. Ningúem disse que o salário deles era de 4,50 rands, ou R$1,10 por hora! Esses operários que ergueram verdadeiros santuários do futebol ficam do lado de fora dos estádios, e assistem às partidas pela televisão. Bem longe do show.
Sem falar no regime do Apartheid, de segregação racial e social, abolido oficialmente em 1990, que durante os jogos ganhou uma nova roupagem, muito mais amena, pretensamente mais simpática, mas não menos preconceituosa. O racismo é tratado como coisa do passado. Não dizem que os negros pobres continuam nos guetos, sem direito de assistir os jogos nos estádios que eles construíram ou reformaram.
¨Sem dúvida, a revolução democrática que colocou abaixo o regime segregacionista do Apartheid foi uma vitória das massas. No entanto, essa revolução que poderia ganhar um conteúdo também social, foi freada e desviada para dentro da institucionalidade burguesa, através da eleição de Nelson Mandela em 1994. Aí está o motivo pelo qual o imperialismo reverencia tanto a figura de Mandela. Ninguém melhor que o líder negro, que esteve preso por mais de 30 anos, que tinha como lema "Unam-se! Mobilizem-se! Lutem! Entre a bigorna que é a ação da massa unida e o martelo que é a luta armada devemos esmagar o apartheid!", para pregar a conciliação e a paz entre as classes historicamente antagônicas.¨ (do site do pstu).
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