Em casa notamos que a Ana Rosa era um pouco cansada, transpirava bastante, mas todos diziam que era normal. Seguíamos nossa vida. Mas eu sempre muito desconfiada e algo me dizia que eu tinha que me preocupar com aqueles sinais.
Uma semana depois levamos nossa pequenina ao ambulatório de cardiopediatria da Santa Casa de São Paulo. A médica nos disse que ela estava bem, que o sopro estava fechando, e quanto as queixas que eu fazia ela sempre falava a mesma frase: ''Não se preocupe, mãezinha de primeira viagem tende a exagerar assim mesmo''.
Pediu um ecocardiograma para acompanhar a evolução. Marcou o exame para vinte dias depois.
Nesse tempo íamos curtindo nossa princesa com uma única grande preocupação: A Ana não tinha passado no teste da orelhinha (um teste que fizeram no hospital para saber se ela ouvia bem). Dez dias depois da alta repetimos o teste e ela passou!!
O pediatra se mostrou preocupado com o ganho de peso dela que estava lento demais, e com o sopro, que na opinião dele não estava diminuindo. Seguíamos consultas semanais com ele.
Enquanto isso aguardávamos o resultado do ecocardiograma pedido pela cardiopdiatra.
Dia 16 de agosto, faltava apenas 3 dias para ela completar 2 meses de vida. A levei em consulta de rotina com o Dr. João. Seu pediatra. O médico a examinou minuciosamente, como sempre, e eu notei que ele demorava mais escutando o coração da bebê. Perguntou como estava o acompanhamento com a cardio e eu disse que tinha sido realizado um exame e que estávamos aguardando o resultado. Ele pediu um raio-x do tórax e falou para eu aguardar o resultado. Assim que ficou pronto ele me chamou e disse que eu não deveria esperar a consulta com a cardio, disse que eu tinha que levar a Ana ao pronto socorro com urgência porque ela estava com insuficiência cardíaca. Nosso mundo começava a desabar naquela hora. Fui para casa pensando como faria para levar a Ana à São Paulo naquela hora. Eu de cadeira de rodas, meu marido trabalhando há 3 horas de casa...
Cheguei no portão de casa junto com um carteiro que me entregou um telegrama do hospital onde ela havia feito o ecocardiograma, nele dizia para comparecermos lá no dia seguinte para consulta com a cardiopediatra. Na hora soube que algo estava errado e era grave. Depois de tantos anos convivendo praticamente direto no hospital, já sabíamos que quando recebemos esse tipo de telegrama após um exame, não é para dar boas notícias. Naquela hora olhei para a Ana e disse em voz alta: ''Deve haver alguma coisa errada no seu coraçãozinho, mas vamos cuidar dele e você vai ficar bem''. Combinei com meu esposo de nos encontrarmos lá.
Liguei para um cunhado e pedi que me levasse até a Santa Casa naquela hora mesmo. Com aquele telegrama na mão, uma carta do pediatra explicando que minha filha estava com o coração aumentado e o fígado rebaixado, eu não podia esperar até o dia seguinte para ir até o hospital. Na minha cabeça lá iam medicar e depois voltaríamos para casa.
Vejam como arrumei a Ana Rosa para ir ao hospital. Pensando eu que voltaríamos pra casa naquele dia mesmo, nem levei mala de roupas.
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